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A ESPERANÇA NA SUPERAÇÃO DAS ADVERSIDADES, EIS O SENTIDO DA PÁSCOA

Manoel Cipriano.

31/03/2023.

A comunidade judaico-cristã revive, nestes dias, a tradicional memória da páscoa; um momento singular na caminhada deste povo; o que sinaliza para a renovação da esperança na superação das adversidades, como forma concreta da celebração da caminhada de um Deus que, assumindo a condição humana, pela ressurreição, transcende a morte para que haja vida em abundância.


O povo hebraico celebra, neste momento, a superação da condição de escravo vivida, por longo tempo, entre os egípcios sob o jugo dos faraós. Seguindo esta perspectiva, o cristianismo, por sua vez, relembra a experiência da ressurreição de Jesus que, após o processo que o levou à crucifixão e morte na cruz, em decorrência de ter se colocado na defesa dos pobres, dos marginalizado, assim como por não ter hesitado quando se fez necessário o enfrentamento dos poderosos do seu tempo, contrapondo-se aos sacerdotes, aos governantes, aos doutores da lei.


O ter nascido numa cocheira à entrada da cidade, uma vez que não havia lugar para ele na sala da hospedaria, conforme o Evangelista Lucas (cap. 2, 6;7) retorça, então, a situação de um Deus cuja existência se deu à margem da sociedade, sem ter, sequer, um lugar onde reclinar a cabeça (Mateus, 8,20); o que demonstra que, ao nascer e viver na periferia, Jesus teve a preocupação, em particular, de se de se colocar a serviço da vida, adotando a dignidade das pessoas como prioridade; por isso foi eliminado fora da cidade seguindo o fim destinado aos  revolucionários de sua época: a pena da morte na cruz.


A páscoa integra uma tradição que se encontra entre os pilares culturais de construção do mundo ocidental, em particular, e com influência direta e indiretamente na espiritualidade dos povos, de forma que os valores do cristianismo estão na base de organização social e política, sendo o momento pascal sinal de expressão mística de grande importância nas relações particulares e coletivas na luta pela vida e na esperança de superação da morte.


O momento atual sinaliza para um cenário internacional e para uma situação nacional que apontam para o aprofundamento das desigualdades econômicas e sociais, em decorrência do desemprego, da fome que bate à porta de milhões de pessoas mundo a fora e nas ruas das grandes e pequenas cidades, assim como para a presença da carência na formulação de políticas públicas pelos poderes públicos,  governo federal em conjunto com os governos estaduais, somando-se aos  gestores municipais para o enfrentamento do abismo social entre aquelas e aqueles que de tudo usufruem aquelas e aqueles que de tudo carecem.


Não poderia deixar de lembrar que, justamente no território em que a existência de Jesus se concretizou, vive-se os efeitos de um conflito que, neste momento, o braço armado do Estado de Israel continuar a dizimar o Povo Palestino, com a matança de civis inocentes, em particular mulheres e crianças, num flagrante descumprimento das norma internacionais pelo cessar fogo.    


A retomada da continuidade da vida na sociedade brasileira aponta para a necessidade de implementação do acesso a emprego e renda, a salários justos, a moradia digna, a saúde pública efetiva, a uma educação libertária, à segurança no ir e vir, assim como a um meio ambiente saudável, dentre tantas outras ações indispensáveis à efetivação dos direitos fundamentais que levem à realização da dignidade humana. Direitos fundamentais que se encontram assegurados pela declaração universal dos direitos do ser humano e garantidos pela ordem jurídica constitucional brasileira ora em vigor.


A quarentena que antecede estes dias sinaliza pra o horizonte do momento em que a sociedade brasileira se prepara para a renovação dos gestores municipais que irão ficar à frente de prefeituras e câmara municipais na gestão do orçamento destinado a efetivação de políticas públicas de saneamento básico, saúde, educação, transporte, dentre outras ações necessária à realização dos interesses coletivos em cada município pelo país afora.


Fica, aqui a esperança de que das urnas saiam projetos que visem a realização de ações que apontem para a superação das ações que buscam a satisfação de interesses mesquinhos e transcendam, assim, os arroubos caracterizados pelo caos no meio ambiente, assim apontem para a afirmação das liberdades democráticas, afugentando toda e qualquer tentativa de retorno aos regimes de exceção e antidemocráticos e que alimente, ainda mais, a esperança rumo a dias melhores para os menos favorecidos por um sistema econômico, social e político cada vez mais excludente.


Espera-se, ainda, que a perspectiva do espírito pascal leve a superar as velhas condutas e transponha, então, os egoísmos e individualismos, fazendo florescer ações particulares e coletivas que sejam sinais de morte aos descaminhos e descalabros, com a tomada de medidas políticas que supere, de forma incontestável, a sociedade pautada no lucro acima de tudo e reafirme a vida plena como sina da ressureição na forma de concretização da dignidade humana.


Fica, por fim, o desejo de que o espírito da celebração pascal alimente, em cada uma e cada um, a esperança e a disposição para a superação das adversidades diuturnas, possibilitando, assim, a retomada da continuidade da caminhada existencial, como forma de efetivação da solidariedade, com justiça social, na forma de políticas públicas, como sinais concretos de esperança na realidade de um Deus feito homem, cuja morte foi superada pela ressurreição para que haja vida em abundância.


Uma Páscoa em afetos fraternos, solidariedade e esperança na superação das adversidades!


SOBRE O AUTOR

Manoel Cipriano, Mestre em Educação, Especialista em Direito, com Bacharelado e Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Autor de obras como Conto e poesias: fragmentos do cotidiano, publicado em 2018 pela Editora Autografia.

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