02/01/2023
Manoel Cipriano
O processo existencial particular e coletivo entre o ano que se foi e o movimento do novo que flui o seu curso janeiro adentro demonstra que a sucessão do tempo traz a oportunidade para uma revisão do que se fez, assim como aponta para o horizonte de esperança de poder realizar o que não foi possível no tempo que ficou pra trás como parte da continuidade do caminhar da humanidade no âmbito da história.
Certamente foi um pouco isso o ano passado, quando você, leitora amiga e amigo leitor, realizou algumas das ações planejadas no ano retrasado e, se olhar bem, vai ver que deixou de realizar tantas coisas que havia planejado para serem feitas no ano que chega ao seu fim.
Um olhar pelo retrovisor individual certamente trará à sua memória a lembrança dos momentos de alegrias, das vitórias conquistadas, ainda que pequenas, contudo significativas para a continuidade da sua caminhada.
De igual modo, o retorno para o que se foi trará a lembrança de tantas e agruras enfrentadas e superadas, assim como de que não poucas foram as ações projetadas e não realizados nos trezentos e sessenta dias que se foram do ano passado no curso do rio existencial.
Ampliando a revisão e num salto do individual para o caminhar coletivo, você perceberá que a caminhada mundo afora também teve lá seus altos e baixos: a humanidade viveu a ressaca da saída de uma pandemia que resiste em não se ir embora; os efeitos de guerras nalguns pontos da terra assolaram seus efeitos de modo universal, atingindo direta e indiretamente todo o planeta.
Para as sociedades particulares, a exemplo da sociedade brasileira, o ano que se foi pôs um ponto no processo de desmontes de direitos conquistados, cujos efeitos foram as restrições das liberdades, o aprofundamento das desigualdades entre aqueles que de tudo usufruem e aqueles que nada possuem, dentre outras coisas.
No caso brasileiro, a resposta que saiu das urnas inflamou a divisão social, a partir da ocupação das ruas, com o fechamento de estradas e das multidões aquarteladas, deixando cada vez mais clara a cisão do povo brasileiro.
Assim, aquela paz tão sonhada parece cada vez mais algo do terreno do horizonte e da utopia que alimentam diuturnamente o peregrinar humano em sua caminhada histórica sobre a terra.
Neste cenário de acertos e limites do ano que se foi, que o ano que chega venha como fio de esperança no horizonte em que a vivencia pessoal e as relações coletivas reflitam o resultado do diálogo entre as diferenças, numa manifestação da grandeza e da riqueza de uma sociedade diversa, seguindo o caminhar na continuidade do tempo que se foi e se vai seguindo curso da história como um rio rumo ao mar, numa dialética entre passado, presente e futuro de um tempo que flui e escapa aos desejos.
Uberlândia, 02 de janeiro de 2023
Manoel Cipriano Oliveira é Mestre em Educação, com Bacharelado e Especialização em Direito, Bacharelado e Licenciatura em Filosofia, todos pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Professor Universitário aposentado, foi Defensor Público em Minas Gerais e Servidor do Tribunal Regional da Primeira Região – TRF1. Escritor de obras didáticas, poéticas e romances, dentre as quais Noções básicas de filosofia do direito: Iglu Editora, 2001; e Vida de retirante: do arame farpado à favela, a trajetória de uma família, 2014; Jogador de futebol: você já sonhou ser um: Autografia,201; e Amor e existência, um canto à vida, Mepe, 2021.
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