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ESPERANÇA NA SUPERAÇÃO DAS ADVERSIDADES NA PERSPECTIVA DE UM DEUS QUE SE FEZ HOMEM

Manoel Cipriano

24 de dezembro de 2020


Para além do mundo do consumo e sem limites tão divulgado e alimentado pela mídia, numa exploração do espírito deste momento do ano, a celebração natalina expressa a epifania de um Deus que se fez homem e que, ao nascer num estábulo, escolheu ser viver com os pobres e se colocar ao lado dos menos favorecidos, excluídos e marginalizados da terra; o que sinaliza para a necessidade do engajamento diuturno na luta por uma sociedade que seja manifestação singular da justiça entre os povos e, por ser igualitária, libertária e radicalmente humana, seja também de divina e traduza, assim, o sentido histórico do comemorar os mais de dois mil anos da vinda de Jesus a este mundo.


De acordo com o Evangelista Lucas (2, 6-7), Jesus nasceu numa cocheira à entrada da cidade, pois não havia lugar para sua família na sala da hospedaria; João (1,1-18), por sua vez, narra que o verbo se fez carne e habitou entre nós.


Isto confirma, então, a situação de uma vida, à margem, de um Deus feito homem; o que demonstra que, ao nascer na periferia da cidade, Jesus escolheu se colocar a serviço da vida, adotando a dignidade das pessoas como prioridade e teve a preocupação de, em particular, pôr-se a serviços da luta dos pobres e dos necessitados.


Em sua caminhada, fez da palavra para e do exemplo de vida o instrumento para o enfrentamento dos discursos dos doutores da lei e dos senhores do poder durante os trinta e poucos anos em que peregrinou por esta terra, sem ter sequer um lugar onde reclinar a cabeça; comportamento que o levou a ser morto também fora da cidade, cumprindo assim o destino reservado aos revolucionários de sua época: a pena capital da morte na cruz.


Neste ano que chega ao fim, não foram poucas as adversidades no enfrentamento das desigualdades sociais, econômicas e políticas entre os povos da terra; além do que, possou pela experiência de uma pandemia que neste momento sinaliza para mais de sete milhões (7,5) de atingidos e se aproxima de cento e noventa (189,3) mil mortos decorrentes da disseminação, contaminação e mortes pelo novo coronavírus em solo brasileiro e se encontra presente em todo pelos quatro cantos do território nacional; um cenário que, para além dos números, passou ter nomes, identidades de pessoas próximas, atingindo familiares, amigas e amigos, colegas de trabalho, pessoas da convivência, vizinhos, conhecidas e conhecidas do cotidiano; mulheres e homens, crianças e jovens, numa incidência com maior intensidade sobre os marginalizados e excluídos que vivem na pele os reflexos decorrentes do pertencer à periferia na periferia do mundo.


Um ano que chega a seu término sinalizando para os países centrais rumo à superação da pandemia pela vacina de sua população e aponta para os países periféricos na continuidade da labuta para superar a pandemia, com sua população abandonadas à própria sorte por governos sem políticas de superação da crise social e econômica realidade agravada pela crise sanitária decorrente dos efeitos da Covid-19; uma situação que assola diretamente os mais carentes, os mais pobres entre os pobres da sociedade na periferia brasileira.


Resta, então, a esperança de que as celebrações natalinas apontem para a superação da insensibilidade, em particular, das velhas estruturas e caminhe rumo a construção de uma sociedade que mais fraterna nas relações pessoais, solidária na formulação de políticas públicas e que vise à satisfação das necessidades coletivas e que o ano que se aproxima transcenda as adversidades, concretizando, assim, o pleno significado de um Deus que assumiu a condição humana e habitou entre nós na pessoa de Jesus, cujo o nascimento se relembra e se celebra neste dia.


Um Natal em afetos fraternos!

Um Ano Novo de esperança!

Puro Axé a todas e a todos!


SOBRE O AUTOR

Manoel Cipriano é Mestre em Educação, Especialista em Direito, Bacharelado e Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Autor de artigos, obras didáticas, obras poéticas e de romances, dentre outras produções literárias; consultoria e assessoria política.


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